terça-feira, 27 de outubro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Parodia da musica: Já era
Autor: D Bob

Letra Original

Já me disseram que coleira não era pra mim
Como é que eu pude duvidar?
Agora eu tô solteiro, sei que vai ser maneiro
E nada pode atrapalhar

Ser exclusivo seu me dava um trabalho
Na vida tudo tem um fim
Você voltou a ser mais uma no baralho
Esse jogo agora tá pra mim

E eu ainda sou feliz
Com os amigos vou seguindo em frente, em frente
E eu ainda sou feliz
Com os amigos vou seguindo em frente, em frente
Feliz

Já me disseram que coleira não era pra mim
Como é que eu pude duvidar?
Agora eu tô solteiro, sei que vai ser maneiro
E nada pode atrapalhar

Ser exclusivo seu me dava um trabalho
Na vida tudo tem um fim
Você voltou a ser mais uma no baralho
E esse jogo agora tá pra mim

E eu ainda sou feliz
Com os amigos vou seguindo em frente, em frente
E eu ainda sou feliz
Com os amigos vou seguindo em frente, em frente
Feliz

Eu posso não ligar se ela não reclamar
Eu não tô nem aí pra isso
Lhe dar satisfação não é comigo não
Já tô legal de compromisso

Eu posso não ligar se ela não reclamar
Eu não tô nem aí pra isso
Lhe dar satisfação não é comigo não
Tô legal de compromisso

 




Nome da Parodia: Esperança

Já me disseram que gentileza não era
para mim
Como ve que eu pude acreditar
Mas eu to com bondade
Sei que vai ser maneiro
Nada pode atrapalhar

Só os amigos que me davam um carinho
Sempre quando eu precisei
Voce sempre me deixou sozinho
Dessa forma eu não gostei

Eu ainda sou feliz, com os amigos vou
seguindo em frente
Pra sempre
Eu ainda sou feliz, com os amigos vou
seguindo em frente
Pra sempre...
Feliz!

E se ela reclamar
Por eu não ajudar
Eu to aí pra isso,
E dar satisfação eu não esqueço não
Agora eu quero GENTILEZA!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Monografia Indisciplina em sala de aula

1 INTRODUÇÃO

A escola sofre reflexos do meio em que está inserida. O problema disciplinar é, frequentemente, repercussão dos conflitos da família e do meio social envolvente.
As pessoas que rodeiam o aluno, mais propriamente as pessoas de família, influem muito no seu comportamento, pois a criança nasce no seio desta, sendo, portanto, os pais os primeiros educadores. A extraordinária influência dos que quotidianamente tratam com os alunos reflete-se em muitos dos atos praticados por eles. A ação da Família começa desde o berço, muito antes da ação da Escola. Sendo a importância da ação familiar na tarefa educativa reconhecida pela Escola, impõe-se uma íntima colaboração, que deverá significar a ajuda mútua na consecução do ideal educativo.
Para uma educação idealmente construída, a disciplina deveria ser conseqüência voluntária da escolha livre e, como consequência da disciplina, a liberdade deveria enriquecer-se de possibilidades, não sendo antagônicos os dois princípios de liberdade e de disciplina.
O clima da aula deve ser de liberdade e de tolerância, de modo a permitir que os alunos tomem consciência dos seus valores e ajam em sintonia com eles. A autonomia conduz à autodisciplina, não significando, no entanto, que o professor tenha uma atitude de indiferença, ou de apatia perante os alunos. Pelo contrário, as suas atitudes, embora democráticas, devem ser firmes.
Tradicionalmente, o clima da aula era caracterizado, pela quietude, pela criação de um grupo de estudantes dóceis, que participavam na aula como meros receptores, o que tinha como consequência a rapidez do ato pedagógico. Desenvolvia-se pouco a capacidade crítica e a iniciativa individual.
Nos nossos dias, cada vez é mais difícil estabelecer a disciplina e fazê-la respeitar. É que, hoje, a posição do aluno é muito diferente da que conheceram o seu pai e o seu avô. Estes viveram entre a Família e a Escola, em meios homogêneos, onde toda a gente admitia os modos de vida aceitos pela maioria e rejeitava quaisquer outros. Com o efeito da evolução das condições gerais de vida, em todos os meios, as crianças tornaram-se mais independentes, menos dispostas a obedecer à autoridade dos adultos.
Hoje, vive-se numa sociedade em que a unidade familiar se encontra desgastada, sem que o lar possa oferecer aconchego, uma vez que os pais, graças às deslocações para o emprego e às longas jornadas de trabalho que lhes asseguram a subsistência, deixam de estar presentes nos momentos mais difíceis.
Este tema é, sem dúvida, demasiado vasto. Tendo em consideração a sua amplitude, serão tratadas apenas algumas vertentes, não numa perspectiva de meta de chegada de conhecimentos definitivos, mas de ponto de partida para outras abordagens interativas do ato educativo. Como a indisciplina constitui, atualmente, um dos problemas mais graves que a Escola enfrenta, não podiam deixar de ser referidos, também, os efeitos negativos que ela produz em relação aos docentes.
Portanto, o objetivo que ora se propõe a presente monografia será identificar concepções de disciplina e como professores, pais e alunos as incorporam no seu cotidiano.























CAPÍTULO I

1 - A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES NA EDUCAÇÃO

1.1 - Introdução

Sabe-se que para se viver em sociedade é necessário haver limites. No dia-a-dia, é impossível que a criança tenha liberdade total, ilimitada. Considera-se que permitir nada ou, no extremo oposto, permitir tudo, são hábitos igualmente nocivos do ponto de vista educacional. É fundamental que a criança saiba o que pode e o que não pode ser feito (Tiba, 1996). As crianças, por serem heterônomas, precisam de regras vindas de seus educadores, que não podem se esquivar da tarefa de colocar os limites necessários para que elas se desenvolvam bem e consigam se situar no mundo. É importante não ver esses limites como algo “que não pode ser feito”, mas serem interpretados com um sentido positivo, que situa o indivíduo em suas relações sociais, que o auxilia na tomada de consciência “de qual a sua posição” ocupada na família, na escola, enfim, na sociedade, conforme afirma La Taille (1994).
Para estabelecer os limites em sala de aula (ou na escola), o educador vale-se das regras, que visam contribuir para a organização do ambiente de trabalho, promover a justiça, fomentar a responsabilidade por aquilo que ocorre na classe e o comprometimento de todos com os procedimentos e decisões referentes à sala de aula. DeVries e Zan (1997), explicam que “o objetivo geral de envolver as crianças em tomadas de decisões e estabelecimento de regras em suas salas de aula é contribuir para uma atmosfera de respeito mútuo na qual professores e alunos praticam a auto-regulação e a cooperação”.(p. 130)
Em geral, as regras são acordos elaborados pelos integrantes do grupo que beneficiam a todos, ordenando as relações. Esses acordos não são rígidos, estáticos ou pré-estabelecidos, nem privilegiam alguns em detrimento de outros. Com o passar do tempo, se for constatado que algumas regras não estão “dando certo”, ou quando uma das partes sente-se prejudicada, o acordo anterior é novamente analisado, revisto e, se necessário, é reelaborado (ou combina-se outros). Essa flexibilidade; a adequação às necessidades particulares de cada grupo; a participação ativa dos integrantes do mesmo na sua elaboração; a regularidade; e o seu cumprimento por parte de todos que o integram, são alguns dos princípios que regem as regras. As regras, em qualquer situação, têm que preservar e propiciar ao sujeito o respeito por si próprio e pelo outro. O professor precisa compreender que as regras devem auxiliar na construção de um lugar feliz, portanto, não deve elaborar normas desnecessárias (supérfluas) ou descabidas. Questionar-se também sobre a coerência das normas, se elas são justas e necessárias, se podem ser negociadas, se foram elaboradas de forma democrática, se fundamentam-se em princípios, e se respeitam as características do desenvolvimento infantil.

1.2 - Os Princípios

É necessário fazer uma ressalva sobre a elaboração de normas na escola. É recente os educadores acreditarem que tudo deve ser combinado, discutido, negociável. Aquilo que o grupo de crianças decide deve ser aceito, porque "partiu da classe". Entretanto, é preciso esclarecer que nem tudo se discute. Há determinadas normas que não são negociáveis. Não se discute, por exemplo, se pode ou não bater nos outros. “Não se faz uma pergunta cuja resposta já está de antemão definida e inegociável”, conforme afirma De La Taille (1998, p.101). O professor pode afirmar claramente uma regra indiscutível (“não se bate nas pessoas”) e, por exercício de reflexão, solicitar às crianças que apresentem argumentos que sustentem esse imperativo, expressando ainda suas idéias sobre como gostariam de ser tratadas. Se qualquer coisa for passível de discussão ou de ponto de vista, cai-se no relativismo moral, no qual tudo é uma questão de opinião, tudo é válido, onde os adultos propõem discussões, mas não colocam claramente o que é certo ou errado. Considera-se que há princípios éticos que são universais, que em determinada época, quando foram formulados, foram exaustivamente debatidos.
Porém, atualmente, por serem universais, não são mais discutíveis. Esses princípios como a justiça, o respeito (a si mesmo, ao outro e ao patrimônio), a igualdade e a dignidade são explicados, mas sua validade ou pertinência não são passíveis de discussão. Não se debate se é bom ser justo, ou se deve-se ou não tratar o outro com respeito, como se esses princípios fossem uma simples questão de ponto de vista, de opinião pessoal. O que se discute é "como se faz justiça?", "o que significa tratar o outro com respeito?". A escola deve possuir princípios gerais (não negociáveis) que servirão de parâmetro para a elaboração das regras. Assim sendo, os princípios que são básicos e norteadores, não são debatidos, mas sim explicados, já as regras, que se fundamentam nos princípios, são discutidas (contrato). Infelizmente, a escola, em geral, ao invés de eleger os princípios que serviriam de diretrizes, estabelece uma extensa lista de normas no seu regimento (que poderiam ter sido elaboradas pelos seus integrantes em cima dos princípios, favorecendo a aprendizagem da democracia). Dessa forma, observa-se que a escola possui muitas normas e poucos princípios.

1.3 - As Regras Não-Negociáveis

Levando sempre em conta os princípios norteadores supracitados, é necessário considerar ainda que na instituição escolar coexistem dois tipos de regras. Há regras que são negociadas, em que são realizados contratos ("combinados") e outras que são necessárias, isto é, não são negociáveis. As regras não negociáveis são apenas refletidas e explicitadas quando for preciso, pois como são necessárias, não precisam ser discutidas ou elaboradas por todos. Alguns exemplos desse tipo de norma são: “Lavar as mãos antes da merenda”; “Escovar os dentes”; “Somente atravessar a rua quando estiver acompanhado”, “Não agredir”.
Macedo (1996) ressalta aos educadores a importância de haver regras que são obrigatórias para as crianças, ou leis como as classifica. Nem tudo pode ou deve ser combinado, como por exemplo, as regras de boa saúde: o escovar os dentes, não é nem pode ser, um “combinado”, pois é uma lei de boa saúde. O que pode ser feito ao colocar uma regra necessária, é dar uma certa margem de escolha dentro das limitações (“Crianças, vocês preferem passar o protetor e brincar no sol e na água ou preferem brincar na sombra?”), mesmo sabendo que ambas as opções desagradam a criança. Ao transformar uma limitação em uma escolha está sendo oferecido à criança pelo menos uma possibilidade de tomada de decisão (“Você gostaria de vestir o casaco branco ou o azul?”).
Para Macedo (op. cit.), “as regras de boa saúde, bom estudo, boa convivência social, são obrigatórias na medida em que valorizam o ideal de uma função. Mas, se a interpretarmos como simples e puros combinados encontramos um certo ‘democratismo’ que confunde tanto as crianças quanto os adultos”.(p. 192).
Essas leis não negociáveis existem em pequeno número na classe ou na escola, apenas quando realmente necessárias, e são reafirmadas de forma objetiva e firme quando surgem situações que as envolvam. Dizem respeito, principalmente, a não causar dano a si mesmo ou aos outros (incluindo o patrimônio). O adulto precisa questionar-se antes de colocar essa norma: Ela é indispensável? Vale a pena “brigar” por ela? Essas questionamentos são importantes pois, uma vez estabelecida, é preciso que ele demonstre claramente que está empenhado em sua validade, em seu cumprimento. É preciso sempre, pensar se as regras necessárias (ou as leis) são justas ou não.

1.4 - As Regras Negociáveis (Contratos)

As outras regras que visam organizar os trabalhos e asseverar a justiça têm origem nas necessidades do grupo, sendo construídas a partir de um consenso entre todos os elementos da classe. Em princípio, essas regras tem que garantir o bem estar de si próprio e dos outros. São contratos elaborados pelos integrantes da classe, sendo estabelecidas quando é preciso solucionar problemas particulares do grupo, como por exemplo, quando uma criança coloca que não considera justo que outras crianças não ajudem na limpeza da classe e na arrumação dos materiais. O professor novamente fará o papel de interlocutor, apresentando o problema, e intervindo com questões que levem as crianças à reflexão, até realmente elaborarem a regra. Realmente, pois é muito comum após uma breve conversa com a classe, o professor colocar a regra sem ter discutido o problema com os alunos, oferecendo a regra pronta e acabada ("Vamos combinar isso?"). Procurar lembrar sempre que a maioria dos problemas de uma classe pertencem ao grupo e não somente ao professor, portanto não cabe apenas ao docente querer resolvê-lo. (Revista Linha Direta. 2000).
Um outro aspecto importante diz respeito as sugestões que as crianças apresentam. É esperado que elas sejam rigorosas, que façam regras extremamente severas, que proponham coisas até absurdas, que aprovem e incentivem o uso pelo professor de procedimentos como recompensas e punições, que incitem o emprego de humilhações e censuras, entretanto, ressalta-se que o professor não deve aceitar tudo aquilo que “vem da criança”. Como interlocutor, irá colocar questionamentos e contra-argumentos, realizando uma reflexão sobre a regra proposta, se ela é razoável, se não haveria uma solução melhor. É importante que o professor coloque novas argumentações em cima das propostas apresentadas pelas crianças, não aceitando qualquer “solução” ou justificando arbitrariedades em nome do "querer dos alunos". (Op. cit., 2000).
Uma vez estabelecida, a regra deve ser cumprida por todos, sem exceção, inclusive pelo professor. O mesmo é válido para as regras não negociáveis; por exemplo, se todos devem escovar os dentes após as refeições, o educador precisa ser o primeiro a dar o exemplo, escovando-os após alimentar-se na escola.
É importante colocar que ao elaborar uma regra, não se pode estabelecer ao mesmo tempo a sanção que corresponderá ao desrespeito a essa norma. Isto porque, ao combinar-se uma sanção para determinada regra, está transmitindo-se a mensagem de que ela pode vir a ser desrespeitada, tanto assim que já está sendo previsto o que acontecerá com o infrator. E o outro motivo, é que, devido as características de seu desenvolvimento, as crianças pequenas ainda não possuem condições de decidirem qual sanção é mais adequada, sendo muitas vezes injustos ou excessivamente rigorosos. Ao estabelecer a regra e o “pagamento” no caso de infração, aprendem que a mesma pode ser desrespeitada (contanto que se pague o preço). Fica uma relação “custo-benefício”, pois a criança passa a calcular em termos do preço que vai pagar pelo não cumprimento da norma, quitando assim o “débito”. (Revista Linha Direta, 2000).
É preciso que o educador tenha o cuidado de não se antecipar construindo algumas regras antes que os problemas surjam, mas esperar que as situações apareçam espontaneamente para colocá-las aos alunos. A criança precisa, anteriormente à regra, perceber o efeito que o seu comportamento tem com relação ao outro. Os professores com certeza, já sabem a necessidade de elaborar inúmeras regras como: “andar devagar”, “falar baixo”, “falar um de cada vez”, etc. Mas as crianças não antecipam essa necessidade das regras de convivência do grupo. Por isso, se requer que os alunos (quando possível) sintam a necessidade daquela norma. Assim, não se combinam todas ou as principais regras apenas no começo do ano, mas somente após as crianças sentirem a necessidade delas existirem. E novas regras vão sendo acrescentadas, ou mesmo sendo mudadas, quando for preciso, ao longo do ano, num processo de negociação constante.
Ao rever e rediscutir as regras sempre que for preciso, ao modificá-las ou construir outras quando necessário, o professor está auxiliando a criança a compreender que uma norma não é boa ou ruim por si mesma, e que a validade dessa regra não depende da autoridade de quem a impõe, mas sim, da função que exerce para as pessoas que fazem uso dela; portanto, as pessoas podem mudar as regras. Atuando nessa direção, o ambiente educacional está favorecendo a compreensão pela criança de que as regras vão se construindo na medida da sua necessidade e são elaboradas por várias pessoas (e não só a autoridade): pelo professor, pelos colegas, por ela mesma, etc. (Menin, 1996).
Consideramos necessário ressaltar que às vezes o professor ingenuamente acredita que, quando surge algum problema ou indisciplina, basta fazer regras. Entretanto, constata-se que, freqüentemente, essas regras não dão certo. Isso ocorreu em uma classe do 3º ano do ensino fundamental. Nessa classe as crianças interrompiam a aula o tempo todo para pedirem autorização ao professor para irem ao banheiro. Combinou-se que só iriam um de cada vez e não poderiam sair durante alguma explicação importante. Mesmo assim, quando alguém chegava do banheiro, imediatamente outro levantava e saía, e depois mais outro, formando filas de crianças esperando sua vez para irem ao banheiro ou tomar água.
O professor precisa sempre refletir se os indícios de indisciplina não são decorrentes de uma didática pobre e desinteressante, de uma postura (autoritária ou permissiva) ou ainda relacionados a ausência de uma boa dinâmica na classe (crianças muito tempo sentadas, esperando, sem fazer nada). Muitas vezes, a questão não deve ser resolvida com uma nova regra, mas sim com uma séria e imparcial revisão do problema, com tomada de consciência e com mudanças de postura, procedimentos ou estratégias pelo educador. É necessário que procure compreender os motivos, que seja feita uma revisão imparcial e profunda da questão, do contrário, está-se atuando apenas em cima das conseqüências e não na principal causa do mesmo. (Revista Linha Direta, 2000).


1.5 - Considerações sobre o Processo Utilizado para Validar as Regras

Assim, estudando, atuando, refletindo e revendo, os educadores vão elaborando, aos poucos, com segurança, equilíbrio e respeito mútuo, os limites, auxiliando na socialização da criança para viver em uma sociedade que impõe regras e sanções. Para De La Taille (1995), “se desde cedo a criança aprende que há limites a serem respeitados, aos poucos ela própria vai compreendendo que as regras são como contratos estipulados para que todas as partes sejam beneficiadas”. (p.120)
Com certeza, as crianças vão desobedecer, vão forçar constantemente os limites, testar até onde a norma é válida e haverá infrações às regras estabelecidas. Sem dúvida, nenhum professor acredita que haja uma classe onde as crianças cumpram sempre todas as regras. Às vezes, pelo fato de estarem muito concentradas em uma atividade, as crianças simplesmente esquecem as regras, até elas se tornarem um hábito. Nesse artigo optou-se por enfocar principalmente o processo de elaboração das regras, entretanto consideramos necessário ressaltar que o importante não é a obediência às regras externamente, pois isso pode ser conseguido com castigos, ameaças, punições, autoritarismo, recompensas, etc. O essencial é o processo pelo qual obtemos a cooperação da criança. Uma criança pode seguir as normas simplesmente para agradar ao adulto, por ter medo de perder seu afeto, de entristecê-lo, de ser punida... Isso é desejável? A associação do cumprimento das normas ao recebimento de alguma recompensa, ou ao temor de ser censurado, punido, perder o amor ou os cuidados (medo típico das relações de respeito unilateral) dificultam a compreensão das razões das regras, podendo, a longo prazo, apresentar efeitos indesejados, visto que a criança pode não construir suas próprias razões para seguir regras morais.
Assim, o foco da atenção do educador não está na obediência mas, sim no procedimentos que o adulto utiliza para tal. Esse processo, deve evidenciar a busca de alternativas humanas, embasar-se na reciprocidade, no respeito mútuo. Para haver a legitimação, é importante que o educador faça corresponder o cumprimento das normas a uma sensação de bem estar, de satisfação pessoal ao respeitá-las e também que reflita com a criança as conseqüências naturais do não cumprimento das mesmas, pois assim ela vai, aos poucos, percebendo a necessidade de existirem regras que gerenciam as relações entre as pessoas. Ressalta-se que ser disciplinado não significa ser treinado a obedecer, mas sim compreender as razões de se comportar de um modo ou de outro. A disciplina é resultante e não pré-existente.
Segundo Piaget, o educador deve recorrer muito mais à reciprocidade do que à autoridade, “que favorece mais do que qualquer imposição ou qualquer disciplina exterior, o desenvolvimento da personalidade moral” ( p.79).


1.6 - A Importância do Professor-Educador na Busca da Identidade, do Jovem, Através do Estabelecimento de Limites

Encontra-se cada vez com mais freqüência, em sala de aula, no dia-a-dia, jovens a espera que algo lhe seja proibido para que possam transgredir. Qualquer lei, mandamento ou regra, as quais possam desobedecer ou infringir, representa para muitos destes jovens (crianças ou adolescentes), um atrativo para que possam marcar sua presença e fazer-se notar como indivíduo. Através da transgressão o adolescente busca sua identidade. A agressão é parte do desenvolvimento normal e a transgressão é necessária para o desenvolvimento da identidade, então os limites são fundamentais para a obtenção do equilíbrio. A agressão pode ser manifestada em forma de provocação, insultos, ofensas, chegando ao extremo da investida física com ferimento, surra, demonstração de violência e maus tratos.
Na sala de aula a agressão significa em certos casos, por exemplo, quando um aluno agride algum colega sem motivo, ou nega-se a cumprir as normas, uma busca de limites e atenção. O gesto agressivo do jovem é uma necessidade de reivindicar por seus objetivos, buscar a comunicação, de se fazer notar. Observando-se o comportamento de alguns jovens em sala de aula percebe-se um certo grau de irritabilidade gratuita e desnecessária, podendo lançar sobre qualquer colega um insulto ou ação maldosa sem maiores motivos ou justificativa. Isto ocorre inclusive em relação aos professores, pelos quais os jovens muitas vezes demonstram desagrado e desprazer em colaborar ou seguir as normas estabelecidas, como demonstra Mielnik (1982).
Por sua vez, o professor precisa fazer o seu papel, procurando manter a ordem e a disciplina, cobrando a obediência às regras e normas do grupo ou da escola, mas também tem o dever de compreender e interpretar estas manifestações, buscando dar segurança ao jovem, para que obtenha um equilíbrio em suas ações. Na sala de aula os professores representam muitas vezes uma segurança para alguns alunos que se sentem perdidos e desamparados, sem limites. O jovem que não teve momentos de carinho, limite e equilíbrio no seio familiar busca-os na escola. Por isso o professor não deve deixar impune uma agressão, pois a melhor forma de demonstrar afeto por um aluno é saber dizer-lhe não na hora certa. O jovem deve ter em mente que toda regra estabelecida ou limite imposto deve ser respeitado.
Porém não basta apenas cobrar e castigar o jovem, é muito importante dar atenção a um aluno que está perdido, bagunçando, transgredindo normas, mesmo que seja lhe outorgando alguma tarefa, ou seja, algum trabalho a concluir em prazo determinado, que lhe exija responsabilidade na execução, pois assim estaria demonstrando que se percebe sua existência, que se preocupa com ele e que este é importante no meio ao qual pertence.
Assim, se estaria ajudando na formação de sua identidade, e estimulando sua capacidade de tornar-se um indivíduo realizado e confiante.
O professor hoje em dia não pode ser mais apenas um transmissor de conhecimentos e sim um amigo, companheiro, educador, orientador para exercer com sucesso sua função de construtor de conhecimentos. Deve servir como um referencial seguro no qual o jovem possa se apoiar, deve representar uma figura significativa de referência, ou seja, alguém que exprima com clareza informações e diretrizes, tão necessária ao sujeito em formação.

Para Outeiral (1994).

“- os professores também são pessoas importantes para os adolescentes se identificarem e, nesse sentido, têm uma participação essencial no processo. A maioria das pessoas adultas é capaz de lembrar de professores importantes, com os quais se identificou, da mesma forma que daqueles com os quais buscou ser completamente diferente.” (p. 72)

Muitos pais e educadores temem ao impedir os filhos ou alunos de satisfazer determinadas vontades, estar contrariando boas e até sábias opções. Os adultos de hoje não têm mais tanta certeza, não sabem mais ao certo quais os caminhos que levam seus filhos à felicidade. Talvez, por isso, colocam-lhes menos limites. Esta omissão, pode tratar-se de uma posição covarde, pois deixando de assumir a responsabilidade pelo direcionamento dos filhos ou alunos, pais e educadores estarão abandonando-os à própria sorte e jogando a responsabilidade por qualquer “erro” ao próprio jovem. O não estabelecimento de limites pode tanto ser prova de humildade como descompromisso em relação aos filhos e ao futuro do mundo. Muitos jovens hoje, acabam se queixando da posição ausente de seus pais e educadores, pois estes enfrentam o dilema de como dar liberdade aos filhos, aos alunos, sem ser ausentes e omissos, sem abandonar o papel de adulto, de guia. Temendo ser intolerantes ou injustos muitos adultos hesitam a respeito da imposição de limites aos jovens.
Esta falta de limites gera um problema que está presente de maneira muito acentuada nas famílias, nas escolas e em qualquer instituição de ensino, que é a dificuldade de mostrar às crianças e jovens a importância da obediência às normas e o respeito à moral e a ética. Isto acarreta muitas vezes, problemas de identificação dos jovens, dificuldade de diálogo, desvios de condutas, busca de refúgio nas drogas e outros tipos de vícios.

No trabalho cotidiano em sala de aula, é possível presenciar, diariamente, cenas de indisciplina das crianças e questionamentos às regras da escola. Algumas escolas têm como princípio educacional o “é proibido proibir” e as crianças tornam-se verdadeiras “donas” de suas atitudes deixando os professores com poucos recursos para impor sua autoridade.

Assim fala Mielnik (1982):
“Crianças excessivamente inquietas, agitadas, com tendências à agressividade, se destacam no grupo pela dificuldade de aceitar e cumprir as normas, às vezes, não conseguindo produzir o esperado para sua idade. Estas crianças representam um desafio para suas famílias e escola, cabendo a estes estabelecer os métodos de orientação mais condizentes a cada situação e estabelecer os níveis de regimes necessários para obtenção da disciplina.” (p. 60).

A escola enfrenta hoje em dia grandes dificuldades para estabelecer normas aos jovens, revelando-se uma instituição em crise gerada talvez pela negação ao diálogo e a impossibilidade de alcançar uma integração entre jovens e adultos no interior da sociedade.
Colocar limites ao comportamento do educando continua a ser muito importe para o desenvolvimento da personalidade e para a formação da cidadania. Porém não o limite no sentido negativo, lembrando “repressão” proibição mas sim no sentido da criação de um espaço protegido dentro do qual o jovem poderá exercer sua espontaneidade sem receios e rico. Faz-se necessário na escola, o estabelecimento de regras as quais serão cobradas e cumpridas por todos, evitando que o professor responda sozinho pelo comportamento do aluno, e que ao mesmo tempo possibilite que o aluno sinta-se seguro e orientado nas atitudes que deverá tomar tendo consciência do comportamento desejado e por seus educadores.
O papel da família na educação dos jovens é fundamental. A criança traz para a escola valores que já estão estabelecidos por sua família e pela sociedade a qual pertence. Portanto, se desrespeitar os professores, brigar na escola, agredir os colegas, desvalorizar o ensino e a educação, não representa para a família um valor, o jovem não sentirá culpa por seu comportamento indesejável, pois sente vergonha daquilo que para ela não representa um valor. A relação do aluno com a escola é afetada pela significação que os pais dão a ela, aos estudos de seu filho e a relações dele com os demais, como afirma Outeiral (1998):

“O desejo de saber e obter prazer pelo saber certamente está mediatizado em primeiro lugar pelos pais e, depois, mais tarde, pelos professores e pela escola.
Um pode compensar o outro, ou até anular seus efeitos.”(p. 39)”.

Segundo o autor, a função da escola é educar “colocar para fora” o potencial do indivíduo, ao contrario de ENSINAR, o que é colocar “signos para dentro do indivíduo,” ou seja, desenvolvimento do aluno está presentes além dos seus aspectos constitucionais, suas vivências familiares o ambiente escolar. Estes três elementos constituirão o tripé do processo educacional.
Os pais estão sempre cansados, ocupados ou apressados deixando os filhos muitas vezes sem orientação e sem limites. Na ânsia de compensar esta falha alguns “mimam” os filhos, por acreditar que por dedicar tão pouco tempo a eles, não lhe podem dizer não ou cobrar algo. Outros devido ao corre-corre diário não têm paciência com os filhos e o único gesto de aproximação que a criança recebe, muitas vezes, é a agressão.
Quando se vê uma criança maltratando um colega, agredindo física ou verbalmente qualquer pessoa, percebe-se que isto se deve muitas vezes ao fato de esta criança sofrer maus tratos ou assistir situações violentas em casa. A primeira recomendação para sanar este mal é não usar de violência, procurar conhecê-la e oferecer-lhe segurança não estimulando a culpa.
A criança submetida, durante toda a infância, a um longo período de aprendizagem da obediência, quase sempre autoritário, às vezes imposta com violência, dificilmente chegará a ser uns adultos autônomos, capazes de assumir suas próprias responsabilidades e de responder com firmeza por seus atos e suas conseqüências.
Por tanto é necessário direcionar, conduzir, orientar as crianças. Um professor autoritário não humaniza, mas desumaniza, jamais chama os educandos a pensar. A escola deve tentar fazer um trabalho individualizado, conhecer os alunos e não tratá-lo como apenas um número ou como mais um problema.
A escola, muitas vezes, pode detectar dificuldades no processo de desenvolvimento do aluno, pois a escola não oportuniza somente a relação com o saber, tem também funções de socialização. Na busca de sua identidade o educando encontre na escola um sistema de forças que atiram sobre ele, reproduzindo um sistema social.
É muito importante, também, que exista uma “relação de confiança” entre a família e a escola escolhida para auxiliar os pais a educar seus filhos. Deve ser evitada as criticas a filosofia pedagógica da escola na presença doa filhos, assim também, como a escola não deve jogar na família todas as responsabilidades pela falta de colaboração de limites, falta de participação, etc. Devendo haver uma comunicação operante na relação família-escola tornando-a mais integrada.
Freqüentemente a escola procura buscar uma maior participação dos pais inteirando-os de qualquer problema que ocorre na escola com seus filhos. Assim como a família à comunidade deve estar inserida na escola e na vida escolar do jovem buscando a solução para a resolução dos problemas, para uma integração satisfatória do jovem na sociedade.
A imposição de limites é uma preocupação comum a todo o sistema educacional. Pais, familiares, escola, comunidade e a sociedade de um modo geral compartilham da responsabilidade pela educação de nossos jovens. Deve-se ter sempre em mente que quem educa a criança é o adulto, e portanto o tipo de educação dado à criança vai depender do adulto. Este adulto deverá ser seguro e confiante em si mesmo, certo de sua iniciativa e atitudes. Principalmente deverá amar a criança, procurando compreendê-la e aceitá-la sem exageros em suas exigências.























REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA


OBSERVAÇÕES SOBRAS AS NORMAS DA ESCOLA - Artigo publicado na Revista Linha Direta. Ano 3, nº 26, Maio de 2000, pp. 16-20. Belo Horizonte, MG (SINEPEs)

DE LA TAILLE, Yves J.J.M.R. (1994) Prefácio à edição brasileira. In Jean Piaget. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus.
________ . Yves. Limites: Três dimensões educacionais. São Paulo: Ática, 1998

DEVRIES, R. & ZAN, B. (1997) Uma abordagem construtivista do papel da atmosfera sociomoral na promoção do desenvolvimento das crianças. In Catherine Twomey Fosnot (org.). Construtivismo: Teoria, Perspectivas e Prática Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, pp.123-140.

MACEDO, Lino. Cinco estudos de educação moral. São Paulo: Casa do Psicólogo.

MANTOVANI DE ASSIS, Orly Z. (1989) Uma nova metodologia de educação pré-escolar. São Paulo: Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais, 1996

MENIN, Maria S.S. Desenvolvimento Moral: Refletindo com pais e professores. In Lino de Macedo (org.). Cinco estudos de educação moral. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996

MIELNIK, Isaac. O Comportamento Infantil: Técnicas e Métodos para entender Crianças. 2.ª edição, São Paulo: Ibrasa, 1982.

OUTEIRAL, José Ottoni. e colaboradores. A Infância e a Adolescência. Porto Alegre: Editora Artes Médicas , 1982

_________, José Ottoni. Adolescer: Estudos sobre Adolescência. Editora: Artes Médicas, Porto Alegre: RS, 1994


PIAGET, Jean. Para onde vai a educação?. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio. (ed. orig. 1948), 1973

________ Jean. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou. (ed. orig. 1932). 1977

TIBA, Içami. Disciplina: Limite na medida certa. São Paulo: Gente, . 1996





1.1 - Classificação de Conceitos

Outrora a disciplina era um conjunto de meios, mais ou menos violentos, para se conseguir a ordem na Escola. Limitava-se a dominar a turbulência natural do aluno, privando-o das suas iniciativas, da manifestação natural das suas tendências e contrariando a sua necessidade de movimento (Loureiro).
Para Maria Teresa Estrela (1992), atualmente, quando se fala em disciplina, pensa-se num conjunto de regras com a finalidade de estabelecer a ordem, assim como as sanções associadas à violação das mesmas. Esta violação conduz à desordem, que define o conceito de indisciplina.
A mesma autora refere que, para Durkheim "a disciplina é a moral da classe" (Estrela, 1992, pág. 78), enquanto que, para Freinet, "só há desordem quando há falha na organização do trabalho, quando a criança não está ocupada numa atividade que responde aos seus desejos e às suas possibilidades". Refere ainda que, para Nizet e Hiernaux, a disciplina ou a indisciplina são formas de reação à continuidade ou ao desfasamento que os alunos encontram na Escola, acentuadas pelas estratégias dos professores. E para Maria Montessori "a disciplina não é, pois, um fim, mas um caminho que permitirá à criança saborear as alegrias da ordem interior, atingidas graças a conquistas sucessivas".
Segundo Loureiro, a Escola não deve ser uma multidão, ou seja, um simples aglomerado de indivíduos acidentalmente reunidos. Dado que, sem disciplina, existiria a confusão, o tumulto, a anarquia, aquela impõe-se como uma imperiosa necessidade social, visto que assegurará a autoridade do professor, o comportamento dos alunos e a eficácia do ensino.
Para Lombardo Radice, citado por Loureiro, (pág. 82) "a disciplina é um produto de dois fatores: do aluno, juiz de si mesmo e do mestre; do mestre, juiz de si mesmo e do discípulo".
Domingues (1995) considera que a disciplina não é um fim em si mesmo; é antes um instrumento de educação moral, devendo-se entender as punições, que se utilizam para a manter, como instrumentos de correção e não como meios de poder.
A questão da disciplina / indisciplina na aula é um assunto muito controverso. O que para alguns professores é indisciplina, para outros é apenas uma manifestação da vitalidade própria da adolescência. Além disso, não é fácil ter a certeza de um ato perturbador ser ou não intencional.

1.2 - Fatores Condicionantes da Disciplina/Indisciplina

São múltiplos os fatores que condicionam a disciplina, tanto no espaço sala de aula, como no espaço Escola.
Segundo Domingues(1995), podem considerar-se fatores estruturais (escolaridade obrigatória, número de alunos por turma, currículos escolares e autoridade do professor), fatores sociais (representações sociais, subculturas docentes e discentes, e poderes dos professores e dos alunos) e fatores pessoais (objetivos individuais, estilos de ensino e estratégias de aprendizagem).

1.3 - Escolaridade Obrigatória e Número de Alunos por Turma

A indisciplina dos alunos é um fenômeno tão antigo como a própria Escola e é também inevitável. Já Santo Agostinho sentia a sua vida amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam "a ordem instituída para seu próprio bem" (Estrela, 1992).O que atualmente há de novo é a extensão que o fenômeno atingiu. Com efeito, a população escolar multiplicou-se consideravelmente , em função das leis da escolaridade obrigatória.
A democratização do ensino trouxe à comunidade escolar não apenas os tradicionais clientes das escolas, mas também uma enorme massa de alunos, oriundos de estratos sociais menos favorecidos. E, como consequência desta massificação do ensino, tornaram-se mais comuns as desigualdades relativas à origem sócio-econômica dos alunos que chegam às escolas. Por sua vez, estas não dispunham de recursos humanos suficientes para dar resposta a esta "invasão", nem estavam preparadas para se adaptarem à grande diversidade sócio-cultural desses alunos. Tão pouco o estavam para receberem milhares de alunos em espaços destinados a apenas algumas centenas. E o número de alunos por turma tornou-se excessivo.
Não se deve ensinar sem se pensar no aluno; é necessário conhecer o seu mundo, as suas diversas formas de comunicação, os seus interesses. A relação professor/aluno deve ser baseada no diálogo. E isto não é possível em turmas com um elevado número de alunos (Sampaio, 1996). Tudo isto vai contribuindo para o mal-estar dos alunos e, consequentemente, para a criação de condições favoráveis à indisciplina.

1.4 - Currículos escolares e objetivos individuais

É fácil perceber os desajustamentos existentes entre o que os alunos pretendem e o que a Escola lhes pode oferecer. Muitas vezes, o que se pretende que os alunos aprendam está longe dos seus interesses e mesmo da sua capacidade de aprendizagem (Freitas, 1995). Aqui entram os planos curriculares, tão repletos de opções que é impossível satisfazer todas as pretensões e motivações dos alunos.
Atrás da desmotivação vem o desinteresse e o aborrecimento. Embora não se possa considerar que estes, por si sós, conduzam a comportamentos anômalos, dado que a indisciplina é, por definição, multi-fatorial, juntam-se-lhes, por vezes, fatores ambientais e sociais, acabando por se preparar um terreno fértil para a indisciplina. Então, conscientes de que o assunto não é, para eles, fundamental, ou de que não conseguem captar os conhecimentos, dedicam-se a desestabilizar a turma.

1.5 - Poderes do professor e dos alunos e autoridade do professor

Os problemas disciplinares podem ser encarados sob o ponto de vista dos poderes de que o professor e os alunos dispõem dentro da sala de aula. Com efeito, pode dizer-se que a desigualdade de poderes entre eles é o traço mais marcante da estrutura social da turma (Afonso, 1991). Nela, as parcelas de poder que uns e outros detêm, são de caráter e natureza diferentes e cada um vai utilizá-las de modo a atingir os seus objetivos. Como estes podem ser diferentes para cada uma das partes, poderão vir a originar-se conflitos e situações de indisciplina.
Fazendo uma síntese das tipologias criadas por vários autores, podem considerar-se vários tipos de poder, não mutuamente exclusivos:

 Poder do cargo: permite que o professor determine os métodos de estudo, as regras de trabalho e de comportamento dos alunos;
 Poder de coerção: possibilita que o professor utilize punições, ou restrinja a liberdade dos alunos;
 Poder de recompensa: baseia-se na utilização de estímulos positivos;
 Poder referente: decorre da identificação do aluno com o professor;
 Poder de especialista: baseia-se no reconhecimento e valorização, por parte do aluno, do fato do professor saber mais e ter um conhecimento aprofundado num determinado domínio;
 Poder normativo: pressupõe que o professor seja capaz de exercer influência sobre os alunos, fazendo apelo a normas e valores consensuais;
 Poder cognitivo: capacidade de influência que o professor exerce sobre os alunos, pelo fato de dominar conhecimentos e possuir experiências que eles não têm;
 Poder pessoal: fundamenta-se nas características afetivas, temperamentais e de personalidade (Afonso, 1991). Ao professor cabe exercer a sua autoridade, enquanto os alunos devem aprender o que lhes é proposto e adotar comportamentos que facilitem a sua aprendizagem. Os discentes esperam que o professor exerça a sua autoridade. Quando não o faz, é desvalorizado, sendo mesmo rejeitado ou, então, motivo de zombaria (Postic, 1990), funcionando como anti-modelo. É curioso notar que os alunos mais indisciplinados são os que exigem que os professores os mantenham na ordem (Estrela, 1992).
Pela sua conduta, o professor deve ser um exemplo, para que possa exercer, sem autoritarismo, a sua função educativa. Deve proporcionar, na sala de aula, um clima de participação e respeito, sem esquecer que o aluno é um indivíduo com direito a ter dúvidas, a ter dificuldades, a ter opiniões, a colaborar e a ser criança.
A autoridade e o poder são condições da relação pedagógica. Sempre que o poder exercido assenta numa base de autoridade, os alunos reconhecem-no como legítimo. Estabelece-se uma relação de domínio-sujeição, baseada na obediência expressiva dos alunos, não se verificando atitudes críticas ou de rejeição do papel do professor. No caso contrário, a relação assenta na tentativa de resistência dos alunos, surgindo situações conflituosas (Domingues, 1995).
É necessário que os alunos reconheçam o professor como autoridade, ou seja, alguém que deve ser obedecido. Não uma autoridade atuando por proibições e constrangimentos severos, mas uma autoridade que ressalte do prestígio que, pelo seu exemplo, pelo seu ensinamento e, sobretudo, pela sua atitude, ele tiver sabido adquirir junto dos seus alunos, (Dottrens, 1974).
Quanto ao poder dos alunos, mesmo que ele seja muito reduzido, eles podem querer exercer esse poder e, dada a sua superioridade numérica, podem surgir situações conflituosas. Concretiza-se o seu poder, por exemplo, na capacidade que têm de manipular os professores e interferir ou condicionar os estilos e métodos de ensino, e até chegar a impor a sua própria vontade (Afonso, 1991).
Como diz Domingues (1995, pág. 85), "raramente a indisciplina é isoladamente produzida por um só aluno. Frequentemente, constitui uma resposta socialmente organizada dos alunos, face às práticas didáticas desinteressantes e maçadoras dos professores".
Para Sara Delamont (1987), o poder dos alunos é um poder de grupo, e a força de cada um está directamente relacionada com o número de alunos que se solidarizam com ele, na luta contra o professor. Os alunos estão constantemente empenhados em experimentar o professor, para verem se ele é capaz de manter a ordem e se as lições dão resultado. Duma maneira geral, eles pretendem que ele ensine e os mantenha na ordem.
A sala de aula, não raras vezes, oculta relações interpessoais conflitivas, devido às formas de imposição e exercício dos poderes dos actores Ä professores e alunos.
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3.4. Representações sociais
São também essenciais as interpretações do professor a respeito dos alunos, para que possa agir sobre eles. Deste modo, não poderá considerar-se perdido o tempo que gasta a pensar e a discutir acerca deles.
Pesquisas recentes têm-se debruçado sobre a função das representações nos procedimentos dos intervenientes na relação educativa (Postic, 1990).
Segundo Gilly, referido por Postic (1990), na representação que faz do aluno, o professor dá prioridade ao que ele espera dos resultados escolares e às atitudes face ao trabalho, para só depois considerar as qualidades afectivas e relacionais. Assim, julga-o bem ou mal, conforme a maneira como ele corresponde à sua expectativa, isto é, de acordo com o grau de sucesso escolar e com as informações, provenientes das observações directas, dos comportamentos e dos trabalhos do aluno, na aula.
Muitas vezes, em vez de procurar compreender o aluno na sua originalidade, tentando perceber como é que ele vê a situação, o docente prende-se a uma categorização estrita, inalterável, dando, à representação que dele faz, um carácter de fatalidade, de rigidez, tornando impossível qualquer permuta, qualquer cooperação (Postic, 1990).
Sem que se apercebam, os professores comportam-se de maneiras diferentes em relação aos seus alunos. Os alunos julgados desfavoravelmente captam e interiorizam a imagem que o professor tem deles, e vão comportar-se de acordo com ela, passando a fazer o possível para justificarem a fama que têm. Quer sejam alunos fracos ou não, são activos e participantes, mas fora das regras estabelecidas (Estrela, 1992).
Por seu lado, o aluno privilegia as qualidades humanas e relacionais do professor (compreensão, doçura, atitudes), relegando para segundo plano as qualidades ligadas à técnica pedagógica.
Esta divergência de representações conduz à existência de insatisfações recíprocas, sendo a relação pedagógica vivida de uma maneira contraditória.
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3.5. Subculturas docentes e discentes
Até há relativamente poucos anos vivia-se numa sociedade culturalmente quase homogénea. Mas, o rápido desenvolvimento das tecnologias de comunicação fez com que, diariamente, o Mundo entre em nossas casas. E a Escola , que se organizava por um único padrão cultural, vê-se, hoje, confrontada com uma multiplicidade de culturas, importadas via sistemas de comunicação (Gonçalves, 1995).
O professor sofre uma concorrência, cada vez mais forte, vinda dos «media», das organizações extra-escolares e de grupos de colegas. Assim, pode dizer-se que, actualmente, a Escola é um lugar de confronto de culturas concorrentes, pois apareceram outros tipos de cultura: cultura de massas, devida aos «media» modernos tais como a rádio, a televisão, a imprensa, e culturas de vanguarda ("hippie", "punk", "skin heads", etc.), que tiveram tendência a generalizar-se.
Como já foi referido, a massificação escolar saturou a capacidade de resposta das Escolas, obrigou a uma entrada massiva de novos professores e diversificou as crenças educativas e as ideologias profissionais.
Os alunos são sujeitos a sucessivas e diferentes mundividências docentes, já que estes não possuem um comum quadro de valores morais que conduza as suas práticas profissionais. A diversidade de quadros morais valoriza e estimula comportamentos discentes concretos, por vezes, contraditórios (Domingues, 1995).
Os jovens encontram, fora da Família e da Escola, formas de cultura que lhes parecem mais próximas das suas preocupações e, consequentemente, os atraem. Partilham valores, normas, formam grupos que têm a sua linguagem, os seus próprios modelos de comportamento. A solicitação que surge por parte de outras forças, além das da Família e da Escola, pode levá-los a restringir as suas ambições intelectuais e a abandonar a experiência escolar, no sentido de contestar o mundo adulto, ou para lhe opor uma contracultura. Têm, muitas vezes, a ilusão do saber e ficam com imagens justapostas da realidade. Procurando novos modelos, o jovem afasta-se das atitudes de seus pais, transformando a educação numa ocasião de rupturas (Postic, 1990).
Se um aluno pertencer, eventualmente, a subculturas específicas, por exemplo, subculturas anti-escolares, pode ter capacidade de mobilizar conjuntos de interacção, acabando por ser temido pelos outros e até pelos professores, e impor algumas condições na definição da situação ao nível da sala de aula (Afonso, 1991).
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3.6. Estilos de ensino e estratégias de aprendizagem
Os professores e os alunos usam estratégias que estão dependentes de variadíssimos factores, tais como personalidade e formação específica do professor, origem social e nível etário dos alunos, qualidade física da escola e seu apetrechamento técnico-pedagógico, etc..
Para Sara Delamont (1987), em termos muito gerais, as estratégias do professor consistem em impor a sua definição da situação, falando durante a maior parte do tempo, em impor a sua definição dos assuntos, pelo ensino directo e pelo interrogatório que faz aos alunos e em explicitar as suas expectativas e formulá-las e repeti-las frequentemente. Procura dominar as suas turmas para, em seguida, as ensinar.
Os alunos diferem uns dos outros na forma como reagem e aceitam os vários estilos de ensino. Alguns são mais adaptáveis do que outros. A mesma autora refere Galton e Simon que consideram quatro tipos diferentes, que se comportam de modos diversos na sala de aula: os desejosos de atenção, os trabalhadores intermitentes, os trabalhadores solitários e os colaboradores silenciosos. Mas não se pode esquecer os alunos enfadados ou hostis, cuja estratégia principal pode ser a do comportamento disruptivo.
A maioria dos alunos segue a estratégia de base de agradar ao professor, principalmente se vislumbra alguma recompensa para isso. Vai agindo sempre em conformidade com o estilo de comunicação que lhe for pedido, desde que descubra qual é, e procura dar respostas consentâneas com os estímulos que lhe são propostos. Contudo, se os alunos prevêem não receber nenhuma recompensa, são capazes de entrar em combinação para provocar turbulência e interromper o processo da aula.
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3.7. As desconexões entre os agentes educativos
A conexão e desconexão são dimensões organizacionais, caracterizadas pela presença ou ausência de uma articulação organizada e organizativa dos fins e dos meios das diversas áreas funcionais de uma estrutura orgânica (Domingues, 1995).
Quando os elementos duma parte do todo actuam ou se manifestam de modo convergente, estamos perante uma conexão, que provoca relações administrativas e sociais, caracterizadas pelo encadeamento, ligação, continuidade, analogia e dependência das partes. Quando, por outro lado, os elementos das partes do todo actuam ou influenciam de forma divergente, paralela ou mesmo antagónica, enfraquecendo a sua estruturação e eficácia, estamos perante uma desconexão, gerando relações administrativas incertas, ambíguas "dessolidárias" e fluídas. O carácter predominantemente conexo ou desconexo das organizações (a Escola é uma organização) depende da rigidez das estruturas e da força de imposição das diferentes orientações normativas. Sendo o controlo disciplinar fundamental numa organização normativa, o que se verifica a nível de Escola, é que essa actividade se revela muito desconexa, sendo, talvez, o aspecto mais marcante da gestão da disciplina. Se acrescentarmos a isto que a Escola, em termos de gestão orgânica, pode ser definida como uma anarquia organizada, facilmente se compreenderá que o fenómeno da indisciplina, em termos de desconexão, poderá ser intrínseco à natureza da própria Escola.
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3.7.1. Desconexão entre os órgãos
A nível dos órgãos da Escola que tratam das questões disciplinares, verifica-se que a relação entre os mesmos é ambígua e conflituosa. Ao Órgão de Gestão é atribuído um poder deliberativo e executivo, ao passo que aos Conselhos de Turma uma mera função consultiva, diluindo assim o poder dos professores daquilo que se designa de controlo disciplinar, quando efectivamente são estes que de uma forma mais real vivem e lidam com as situações de comportamentos e atitudes consideradas desviantes. Por outro lado, verifica-se que a definição de normativos oriundas do Órgão de Gestão dificilmente circula de forma clara, precisa e objectiva, por toda a comunidade escolar, já que os sistemas de comunicação da mesma são heterogéneos, difusos e fluídos, dando origem a ambiguidades interpretativas que conduzem a actuações diversificadas, por parte dos vários intervenientes.
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3.7.2. Desconexões entre os Professores
As vivências, a formação, os valores, os entendimentos acerca do que é a Escola e a Educação e os seus objectivos, se não são contraditórios, não são tão sintonizantes como seria desejável, o que já foi referido. O que muitas vezes, para um professor é considerado um comportamento desviante, aquilo que normalmente se designa por acto de indisciplina, para outros já não o é. Por outro lado, muitas vezes assumem-se atitudes de cumplicidade interna, relativamente a comportamentos de alguns alunos, para evitar situações que perturbem as relações profissionais, já que questionar o comportamento dos alunos levaria consequentemente ao questionamento e avaliação das práticas profissionais dos outros Professores (colegas).
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3.7.3. Desconexão entre Professores e Funcionários
O prestígio que os Auxiliares de Educação gozavam na Antiga Escola e que lhes conferia autoridade, neste momento desapareceu completamente, devido a vários factores, manifestando-se de forma evidente na sua capacidade de intervenção no controlo disciplinar. Acresce ainda que é deixado a estes o controlo dos espaços não lectivos, "remetendo-se" os Professores unicamente para a sala de aula, verificando-se, não raras vezes, que os mesmos se desresponsabilizam totalmente da sua função educativa fora da sala de aula, o que perante situações disciplinares em que não intervêm conduz a uma desautorização dos Auxiliares de Educação que se sentem muitas vezes desmotivados para agir, até porque verificam que a sua actuação é por vezes desvalorizada pelo próprio Órgão de Gestão. Basta relembrar o que é frequente ouvir dos alunos quando estes saem dos gabinetes dos Órgãos de Gestão, onde foram conduzidos por algum funcionário: "Eles não me fizeram nada... Foi apenas um sermão... Tenho algum medo?..."
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3.7.4. Desconexão entre Professores e Pais
Não raras vezes surgem situações conflituosas por inexistência de coincidência das expectativas geradas pelos Pais e pelos Professores relativamente aos alunos. Por outro lado verifica-se que num modelo de Escola de Massas como se pretende que seja o nosso, a descontinuidade existente entre os modelos culturais na grande maioria das famílias e os modelos culturais da Escola é abissal. Quantas vezes a cultura familiar é hostil à Escola e aos Professores. Embora se pretenda um elevado nível de participação dos Pais no processo educativo, este continua ainda a ser desvalorizado pelos Professores e de certa forma "mal vinda", uma vez que é entendida como um acto de controlo da actividade docente e enquanto não se ultrapassar esta mentalidade não é possível definir formas de actuação conjuntas e convergentes, que possam evitar situações de indisciplina.
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3.8. Outros factores
Podem ser considerados, ainda, os seguintes factores que, em minha opinião, são também condicionantes da disciplina dentro da escola: A crise de valores e os conflitos de gerações, mais visíveis nos nossos dias, devido à liberalização progressiva a que nas últimas décadas se vem assistindo;
Os horários rígidos que não respeitam os ritmos individuais de trabalho;
A degradação e o mau equipamento dos edifícios escolares;
A má remuneração dos professores, o que leva a um fraco empenhamento na tarefa educativa, afastando para outras profissões aqueles que teriam melhores qualidades e mantendo, no ensino, docentes sem qualificação, ou aqueles que fazem do ensino uma ocupação temporária, enquanto não encontram emprego mais bem remunerado, ou em "part time";
Maior percentagem de feminização do corpo docente, o que torna, por vezes, mais difícil o exercício da autoridade (Silva, 1995)
Pessoal auxiliar sem preparação específica e mal remunerado;
O elevado índice de insucesso escolar;
A falta de perspectivas por parte dos alunos, no que se refere a saídas profissionais ou de prosseguimento de estudos;
A não existência, em número suficiente, de cursos profissionalizantes que permitam aos alunos menos vocacionados para o prosseguimento dos estudos, uma realização profissional em termos de médio prazo. [Topo]
4. O Professor como Pessoa numa Escola dos Novos Tempos
A Escola não é mais o que era antes. Todavia, a autoridade continua a ser necessária em qualquer grupo social estruturado. As relações entre os que detêm essa autoridade e os que a ela estão submetidos mudaram consideravelmente. O aluno espera ser considerado como pessoa, capaz de ser ouvido, capaz de compreender e de assumir as suas responsabilidades. Se até há pouco tempo a superioridade e a autoridade do Professor se baseava no domínio do conhecimento científico, isso tende a desaparecer, dada a capacidade e facilidade que os alunos têm de acesso às novas tecnologias de informação, o que exige uma nova dimensão do Professor que terá de partir do conhecimento de si próprio.
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4.1. O conhecer-se a si próprio
Da forma como se processar a auto-estima do Professor, assim dependerá a maneira como ele se vai relacionar com todos os participantes no processo educativo. É fundamental que o Professor acredite no valor do acto educativo, através da sua actuação. Mais do que ninguém, tem de acreditar na Educação. Se não acredita naquilo que faz, não pode motivar ninguém. Deve assumir, de uma forma profunda, o papel essencial que desempenha na sociedade, recuperando e valorizando a sua imagem a partir duma reflexão séria do seu estado actual, das suas atitudes e dos seus comportamentos, dos seus pontos fortes e fracos, o que lhe permitirá descobrir formas de actuação que conduzam a um progresso e sucesso na sua prática profissional.
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4.2. Níveis Etários e o Estabelecimento de Regras
Segundo a perspectiva desenvolvimentalista, baseada na teoria de Lawrence Kolberg, a definição de regras, a sua manutenção, a sua aplicação e o seu cumprimento por parte dos alunos estão relacionados com os níveis de desenvolvimento etário, designados por estádios.
No estádio I, que abrange as idades do infantil, pré-escolar, até ao 3o ano de escolaridade, o estabelecimento de regras e a sua manutenção competem ao Professor. A sua aplicação resulta da utilização de meios físicos e são cumpridas com receio de alguma punição ou para obter aprovação.
No estádio II, que abrange as crianças dos primeiros anos do 1o Ciclo, continua a ser o professor a estabelecer as regras de conduta, sendo ainda o responsável pela sua manutenção. A sua aplicação e razão do seu cumprimento, resultam de recompensa concretas, de reforços positivos e não já de receios de punições.
No estádio III, que corresponde aos 2o e 3o Ciclos do Ensino Básico, a interacção entre os alunos e o Professor no estabelecimento e manutenção de regras pode aumentar, sendo de salientar que nesta idade os alunos têm tendência a sugerir medidas demasiado severas para punir pequenas infracções. Daí a importância do Professor como moderador. A razão do cumprimento das regras resulta fundamentalmente da necessidade de pertença à turma enquanto grupo, numa atitude de conformismo e ainda para evitar ficar isolado.
No estádio IV, que abrange os níveis escolares do 10o ao 12o ano, os estabelecimento das regras resulta de uma interação ainda maior entre o professor e os alunos, dado que estes do ponto de vista de desenvolvimento estão prontos para participar de forma mais intensa na elaboração e manutenção das regras, bem como no julgamento das situações em que as mesmas não são aplicadas. Neste estádio os alunos têm competência para controlar os seus próprios contratos e o cumprimento das regras resulta do facto dos mesmos quererem desenvolverem e assumir a sua responsabilidade indivudual, e uma identidade própria e não serem apenas meros elementos do grupo.
No estádio V, que poderá abranger alunos do 12oano e o nível universitário, professores e alunos estabelecem as regras e as suas formas de manutenção. Todavia neste estádio manifesta-se uma quase autonomia dos alunos que através de assembleias e comissões de disciplina, discutem e elaboram as regras e as formas de controlo das mesmas pelos próprios alunos. Este processo conduz ao desenvolvimento de uma maior maturidade e responsabilidade.. O cumprimento das regras resulta da compreensão de princípios do sentido da justiça bem como da necessidade da construção de uma sociedade democrática baseada no princípio dos direitos e responsabilidades individuais.
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4.3 Resolução de conflitos e estratégias para o controlo de casos de indisciplina
A resolução de conflitos disciplinares não é tarefa fácil. No entanto, sem pretender a exaustividade, serão referidas algumas estratégias.
Para Estrela (1992), devem planificar-se estratégias de intervenção que levem a eliminar o comportamento desviante e a substituí-lo pelo comportamento desejado, que deve ser reforçado, sendo as seguintes as técnicas mais utilizadas: Reforço positivo dado por simples confirmação verbal ou gestual, ou por elogio ou recompensa;
Auto-reforço que exige a cooperação activa do aluno;
Extinção, provocada pela ausência do reforço do comportamento que se quer suprimir, combinada com o reforço positivo do comportamento desejado;
A punição, embora a sua utilização seja controversa, em virtude dos efeitos secundários que pode provocar;
Contrato comportamental, segundo o qual o aluno se compromete a ter o comportamento desejado, em troca de algumas regalias que o professor se compromete a conceder-lhe. Daniel Sampaio (1996) resume algumas questões-chave sobre indisciplina da seguinte maneira:
Combate-se a indisciplina na Escola através da co-responsabilização de professores, alunos e pais; a melhoria da comunicação professor-aluno é fundamental; os pais devem unir-se aos professores nesta tarefa; a Escola deve promover uma crescente actividade de natureza lúdica, cultural e formativa dos alunos, tanto nas aulas como nos tempos livres; os conteúdos programáticos devem adaptar-se, tanto quanto possível, aos interesses dos alunos; os professores deverão procurar perceber as razões dos comportamentos desviantes dos alunos.
Mas a indisciplina pode ser reduzida se os professores se tornarem organizadores mais eficazes da aula, se tiverem uma boa formação científico-pedagógica e uma boa capacidade relacional com os alunos.
Silva (1995) apresenta um conjunto de condições que podem redundar num papel preventivo da indisciplina, por parte da Escola, entre as quais se podem destacar: existência de professores competentes, bem motivados, com bons salários, elevado estatuto profissional e social e com tempo para se dedicarem às tarefas de ensino e formação pessoal; elevado grau de autonomia nas suas decisões; convicção de que todas as crianças e jovens podem aprender, embora aprendam de maneiras diferentes e a ritmos diferentes; colaboração empenhada dos pais, comunidade e forças vivas locais.
Ana Carita e Graça Fernandes sugerem várias estratégias de resolução de conflitos, na sala de aula: o castigo, que pode levar os alunos a evidenciarem o comportamento desejado pelo professor, ou, pelo menos, deixar de manifestar o que foi motivo de sanção, mas que pode ter consequências negativas, como a diminuição da auto-estima e sentimento de rejeição; as técnicas de recompensa, administrando estímulos agradáveis ou retirando estímulos aversivos, que ajudam a diminuir a frequência dos comportamentos disruptivos e a fomentar condutas ajustadas à aprendizagem; o reconhecimento, por parte do professor, das características mais frequentes das suas práticas e a sua influência, positiva ou negativa, no clima da sala de aula, que pode ajudar aquele a assumir uma posição activa no controlo das situações de conflito e a modelar os comportamentos desejáveis.
A criação de estruturas informais de mediação, constituídas por elementos escolhidos dentro da comunidade educativa poderá ser uma experiência positiva a implementar e a considerar na resolução de conflitos dentro da escola.
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4.4. Método de Thomas Gordon
Nizet e Hiernaux (s/ data) referem o método de Thomas Gordon que visa resolver um problema ou um conflito que nasce entre duas partes intervenientes, salvaguardando a qualidade da relação entre elas. Trata-se de abordar convenientemente o problema ou o conflito, para chegar ao resultado e estabelecer o clima desejado.
Entre tudo o que uma das partes faz ou diz, há comportamentos que a outra parte aceita e outros que não aceita. Quando uma das partes tem um comportamento que a outra não aceita, é esta que tem um problema.
Na relação professor-aluno pode ser um ou outro a ter o problema.
Se é o aluno a ter o problema, Thomas Gordon propõe o seguinte: o professor deve apenas escutar activamente. Para tal, deve ter tempo, recusar-se a ouvir o juízo de outrem, evitar pregar moral, dar soluções ou desvalorizar o aluno. Deve centrar-se sobre este, tentar compreender o que ele sente e reformular, nas suas próprias palavras, a mensagem recebida.
Se é o professor que tem o problema, deve exprimir o sentimento que vive nesse momento, especificar o que é que, no comportamento dos alunos, o incomoda, e por que tal comportamento lhe causa problemas. Não deve atacar o aluno, pelo que Thomas Gordon preconiza um tipo de mensagem centralizada no «eu», em substituição da mensagem «tu». Se, em certas situações, uma só mensagem «eu» é suficiente para que as dificuldades da relação diminuam, outras há em que é necessário enviar mais do que uma, para que tal aconteça. O professor pode ter que recomeçar várias vezes, expondo as suas necessidades, escutando as dos alunos, para conseguir fazer baixar o nível de resistência e, então, procurar dar solução ao problema.
Neste método há a tentativa de encontrar comportamentos aceitáveis, de parte a parte, descobrindo e alargando zonas de aceitação comum, ou seja, os conflitos são ultrapassados. Por tal, foi chamado de «método sem vencidos», pois nenhuma das partes se sobrepõe à outra.
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4.5. Efeitos da indisciplina sobre o professor
A indisciplina produz efeitos negativos no aproveitamento escolar e na socialização dos alunos. Estes efeitos negativos exercem-se também sobre o professor, provocando nele desgaste físico e psicológico, ansiedade, fadiga, tensão, perda de eficácia educativa, diminuição de auto-estima, sentimento de frustração e desânimo e "stress". Este conjunto de factores pode levar, em último caso, ao abandono da profissão (Estrela, 1992).
Estes aspectos negativos atingem sobretudo os professores menos experientes e menos preparados pedagogicamente.
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5. Considerações Finais
Apesar das limitações, considero que a elaboração do trabalho se tornou proveitosa, uma vez que me foram dados a conhecer aspectos novos sobre o tema tratado. Por certo, irão influenciar, de forma positiva, a profissão que pretendo exercer, ajudando-me, na abordagem de casos de indisciplina que possam surgir e, por outro lado, fornecendo-me elementos que me facultem estratégias para a resolução de conflitos.
O tratamento do tema em questão proporcionou um espaço de reflexão sobre questões de disciplina/indisciplina, favorecendo ilações que possam vir a ser proveitosas nas atitudes a tomar com educadora.
Muitos dos conflitos que hoje se manifestam nas nossas escolas podem ter origem no modelo de pedagogia colectiva, que ainda persiste, baseado no princípio de "ensinar a muitos como se fossem um só". O professor tem dificuldade em gerir a heterogeneidade dos alunos, respeitando as suas diferenças e praticando um ensino individualizado.
Urge "reinventar" a Escola, modernizar as suas estruturas e formas de funcionamento. Mas o lugar central cabe à formação de professores (2). Formação que sugira práticas alternativas e que ajude os professores a lidar com a heterogeneidade. Formação que proporcione alteração dos modos de organização pedagógica que, ainda que não seja suficiente para resolver todos os conflitos, possa contribuir "para tornar a Escola um lugar de vida e de aprendizagem mais interessante e produtiva e fazer redescobrir o prazer de se gostar dela" (Barroso, 1995, pg. 96). Formação que os prepare para uma Escola com as difíceis e desafiantes exigências culturais, sociais e educativas dos tempos que correm (Gonçalves, 1995).
No que se refere à disciplina, a Escola terá que ser um espaço onde se cultiva o espírito humanista, a tolerância ideológica e rácica, e um salutar e interveniente espírito de cidadania.
Trabalho de Joana Raquel Martins
(Aluna do curso de Física da Universidade da Beira Interior)

BIBLIOGRAFIA
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A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES NA EDUCAÇÃO
Pedra Lucia de Aguiar Espinosa
Estudante do 8.ª semestre do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências e Letras de Osório/RS.


Em nosso dia-a-dia como educadores, encontramos constantemente jovens à espera de que alguém lhes imponha limites. Algumas teorias da psicologia defendem a idéia de que os jovens buscam estes limites para sentirem-se notados como indivíduos, procuram algum tipo de proibição que possam transgredir na tentativa de construir sua identidade.
Estas constatações levaram-me a analisar neste artigo a importância de estabelecer limites no processo de educação formal para a formação da identidade do jovem. Para desenvolver este artigo, o decompus em três partes:
A primeira refere-se à importância do professor-educador na busca de identidade, pelo jovem através do estabelecimento de limites. A segunda destaca a responsabilidade dos pais, da escola e da sociedade em geral no estabelecimento de limites disciplinares para nossos jovens. E na terceira parte discute-se a relação entre o amor respeito e o estabelecimento de limites.
Busquei me aprofundar no assunto através de embasamento teórico,de minhas experiências pessoais, e da realização de entrevistas com profissionais da educação e com os próprios alunos.Todas essas oportunidades contribuíram para o enriquecimento desta produção que ora apresento.



Para o enriquecimento e um maior respaldo sobre estas conclusões as quais cheguei, busquei a colaboração de alguns colegas professores que trabalham com as séries iniciais do ensino fundamental, da rede estadual, através de questionamentos sobre as atitudes dos jovens em sala de aula. Nas respostas obtidas percebemos que os professores consideram de extrema importância o papel do professor educador no estabelecimento de limites.
Levantei o seguinte questionamento: “Qual o motivo que leva alguns alunos a demonstrarem um mau comportamento ou adotarem atitudes reprováveis em sala de aula?”
“Falta limite em nossos jovens” – afirma a professora 1, ela acredita que os próprios alunos sentem a necessidade de uma posição mais determinada por nossa parte. Segundo ela uma das explicações é o fato de muitas famílias estarem transferindo para a escola a responsabilidade total pela educação e imposição de limites aos seus filhos.
A professora 2 nos coloca que “- As crianças hoje em dia estão muito inseguras sobre o correto, buscam em nós professores um referencial de conduta para encontrar sua própria identidade”. Por sua vez, a professora 3 enfatiza que “-Nossos alunos refletem na escola a agressividade e o abandono sofrido em casa. Eles estão perdidos pois muitos pais encontram-se sempre ausentes, buscando a sobrevivência e esquecem da educação e orientação dos filhos. Nos poucos momentos de convivência muitas vezes é através de agressões que tentam impor sua autoridade, o que leva o jovem à revolta e a insatisfação que se reflete em sala de aula”.
Todos estes posicionamentos apenas vêm reforçar a idéia de que o papel do professor é muito importante em sala de aula.
O professor hoje em dia não pode ser mais apenas um transmissor de conhecimentos e sim um amigo, companheiro, educador, orientador para exercer com sucesso sua função de construtor de conhecimentos. Deve servir como um referencial seguro no qual o jovem possa se apoiar, deve representar uma figura significativa de referência, ou seja, alguém que exprima com clareza informações e diretrizes, tão necessária ao sujeito em formação.
“- os professores também são pessoas importantes para os adolescentes se identificarem e, nesse sentido, têm uma participação essencial no processo. A maioria das pessoas adultas é capaz de lembrar de professores importantes, com os quais se identificou, da mesma forma que daqueles com os quais buscou ser completamente diferente.” (OUTERAL,1994: 72)
Pensemos então: Que efeitos desejamos produzir em nossos alunos? Que recordações levarão para a vida deste curto período de tempo em que passaram por nossas mãos e de que forma teremos contribuído para a sua felicidade, formação e crescimento pessoal?

1. RESPONSABILIDADE DOS PAIS, DA ESCOLA E DA SOCIEDADE EM GERAL NO ESTABELECIMENTO DE LIMITES DISCIPLINARES EM NOSSOS JOVENS.

Os limites disciplinares são adquiridos no contato com o adulto, mãe, pai, escola e sociedade. Os pais estão perplexos com a educação dos filhos, isto porque a violência está presente no dia a dia. Ela faz parte da nossa rotina nos tornando, inseguros e impotentes diante de tanta distorção de valores. Segundo OUTEIRAL, em sua aula inaugural, FACOS 2003, há vários momentos na vida do ser humano no quais é possível estabelecer limites. O primeiro deles é quando a mãe pega o bebê no colo, quando o aperta nos braços e lhe dá segurança. Quando a criança está num momento difícil, insegura,um aperto de mão a acalma e a tranqüiliza.
Algumas crianças que não tiveram esta acolhida em sua vida crescem na angústia do desejo de sentirem-se amadas. Uma das formas de demonstrar esse amor vem a ser por meio da imposição de limites sendo orientadas e/ou contidas em suas ações.Um exemplo digno e rígido de pai, dosado com o amor e atenção de uma mãe, proporciaram à criança o equilíbrio necessário para crescer com autoconfiança. Porém, a falta de limites muitas vezes é conseqüência, em maior ou menor grau, de dificuldades dos adultos. Os adultos, às vezes, não colocam limites porque será mais “cômodo”. Colocar limites significa envolvimento, suportar reclamações e protestos, enfim enfrentar dificuldades de relacionamento imediato.
Os próprios pais não se sentem seguros no estabelecimento dos limites. Pais e educadores questionam-se sobre o que é realmente melhor para seus filhos, até onde vai sua obrigação de fazer valer sua autoridade e onde começa a liberdade da criança para optar por seus interesses. Quando começa a capacidade dela própria para direcionar-se por caminhos que a levem a uma vida realizada e feliz?
Muitos pais e educadores temem ao impedir os filhos ou alunos de satisfazer determinadas vontades, estar contrariando boas e até sábias opções. Os adultos de hoje não têm mais tanta certeza,não sabem mais ao certo quais os caminhos que levam seus filhos à felicidade. Talvez, por isso, colocam-lhes menos limites. Esta omissão, pode tratar-se de uma posição covarde, pois deixando de assumir a responsabilidade pelo direcionamento dos filhos ou alunos, pais e educadores estarão abandonando-os à própria sorte e jogando a responsabilidade por qualquer “erro” ao próprio jovem. O não estabelecimento de limites pode tanto ser prova de humildade como descompromisso em relação aos filhos e ao futuro do mundo. Muitos jovens hoje, acabam se queixando da posição ausente de seus pais e educadores, pois estes enfrentam o dilema de como dar liberdade aos filhos, aos alunos, sem ser ausentes e omissos, sem abandonar o papel de adulto, de guia. Temendo ser intolerantes ou injustos muitos adultos hesitam a respeito da imposição de limites aos jovens.
Esta falta de limites gera um problema que está presente de maneira muito acentuada em nossas famílias, em nossas escolas e em qualquer instituição de ensino, que é a dificuldade de mostrar às nossas crianças e jovens a importância da obediência às normas e o respeito à moral e a ética. Isto acarreta muitas vezes, problemas de identificação dos jovens, dificuldade de diálogo, desvios de condutas, busca de refúgio nas drogas e outros tipos de vícios.
“Temos que considerar também, um aspecto importante. Que é a seguinte questão: que modelos para a identificação dos adolescentes oferece a sociedade brasileira? Quais os valores éticos e morais que oferecemos aos jovens? São eles adequados ou, ao contrário, são contraditórios ou francamente negativos?embora cada adulto possa ter uma posição quanto a isto, todos concordarão que pensar nesta questão é fundamental” (OUTEIRAL, 1994: 74).
No trabalho cotidiano em sala de aula é possível presenciar, diariamente, cenas de indisciplina das crianças e questionamentos às regras da escola. Algumas escolas têm como princípio educacional o “é proibido proibir” e as crianças tornam-se verdadeiras “donas” de suas atitudes deixando os professores com poucos recursos para impor sua autoridade.
“Crianças excessivamente inquietas, agitadas, com tendências à agressividade, se destacam no grupo pela dificuldade de aceitar e cumprir as normas, às vezes, não conseguindo produzir o esperado para sua idade. Estas crianças representam um desafio para suas famílias e escola, cabendo a estes estabelecer os métodos de orientação mais condizentes a cada situação e estabelecer os níveis de regimes necessários para obtenção da disciplina.” (MIELNIK, 1982: 60).
A escola enfrenta hoje em dia grandes dificuldades para estabelecer normas aos jovens, revelando-se uma instituição em crise gerada talvez pela negação ao diálogo e a impossibilidade de alcançar uma integração entre jovens e adultos no interior da sociedade.
Colocar limites ao comportamento do educando continua a ser muito importe para o desenvolvimento da personalidade e para a formação da cidadania.Porem não o limite no sentido negativo, lembrando “repressão” proibição mas sim no sentido da criação de um espaço protegido dentro do qual o jovem poderá exercer sua espontaneidade sem receios e rico. Faz-se necessário na escola, o estabelecimento de regras as quais serão cobradas e cumpridas por todos, evitando que o professor responda sozinho pelo comportamento do aluno, e que ao mesmo tempo possibilite que o aluno sinta-se seguro e orientado nas atitudes que deverá tomar tendo consciência do comportamento desejado e por seus educadores.
O papel da família na educação dos jovens é fundamental. A criança traz para a escola valores que já estão estabelecidos por sua família e pela sociedade a qual pertence. Portanto, se desrespeitar os professores, brigar na escola, agredir os colegas, desvalorizar o ensino e a educação, não representa para a família um valor, o jovem não sentirá culpa por seu comportamento indesejável, pois sente vergonha daquilo que para ela não representa um valor. A relação do aluno com a escola é afetada pela significação que os pais dão a ela, aos estudos de seu filho e a relações dele com os demais.
“O desejo de saber e obter prazer pelo saber certamente está mediatizado em primeiro lugar pelos pais e, depois, mais tarde, pelos professores e pela escola.
Um pode compensar o outro, ou até anular seus efeitos.”(OUTEIRAL, 1994: 39)”.
Segundo o autor, a função da escola é educar “colocar para fora” o potencial do individuo, ao contrario de ENSINAR, o que é colocar “signos para dentro do individuo,” ou seja, desenvolvimento do aluno está presentes além dos seus aspectos constitucionais, suas vivencias familiares o ambiente escolar. Estes três elementos constituirão o tripé do processo educacional.
Os pais estão sempre cansados, ocupados ou apressados deixando os filhos muitas vezes sem orientação e sem limites. Na ânsia de compensar esta falha alguns “mimam” os filhos, por acreditar que por dedicar tão pouco tempo a eles, não lhe podem dizer não ou cobrar algo. Outros devido ao corre-corre diário não têm paciência com os filhos e o único gesto de aproximação que a criança recebe, muitas vezes, é a agressão.
Quando vimos uma criança maltratando um colega, agredindo física ou verbalmente qualquer pessoa, percebemos que isto se deve muitas vezes ao fato de esta criança sofrer maus tratos ou assistir situações violentas em casa. A primeira recomendação para sanar este mal é não usar de violência, procurar conhecê-la e oferecer-lhe segurança não estimulando a culpa.
A criança submetida, durante toda a infância, a um longo período de aprendizagem da obediência, quase sempre autoritário, às vezes imposta com violência, dificilmente chegará a ser uns adultos autônomos, capazes de assumir suas próprias responsabilidades e de responder com firmeza por seus atos e suas conseqüências.
Por tanto é necessário direcionar, conduzir, orientar nossas crianças. Um professor autoritário não humaniza, mas desumaniza, jamais chama os educandos a pensar.A escola deve tentar fazer um trabalho individualizado, conhecer os alunos e não tratá-lo como apenas um número ou como mais um problema.
A escola muitas vezes, pode detectar dificuldades no processo de desenvolvimento do aluno, pois a escola não oportuniza somente a relação com o saber, tem também funções de socialização. Na busca de sua identidade o educando encontre na escola um sistema de forças que atiram sobre ele, reproduzindo um sistema social.
É muito importante, também, que exista uma “relação de confiança” entre a família e a escola escolhida para auxiliar os pais a educar seus filhos. Deve ser evitada as criticas a filosofia pedagógica da escola na presença doa filhos, assim também, como a escola não deve jogar na família todas as responsabilidades pela falta de colaboração de limites, falta de participação, etc. Devendo haver uma comunicação operante na relação família-escola tornando-a mais integrada.
Freqüentemente a escola procura buscar uma maior participação dos pais inteirando-os de qualquer problema que ocorre na escola com seus filhos. Assim como a família à comunidade deve estar inserida na escola e na vida escolar do jovem buscando a solução para a resolução dos problemas, para uma integração satisfatória do jovem na sociedade.
A imposição de limites é uma preocupação comum a todo o sistema educacional. Pais, familiares, escola, comunidade e a sociedade de um modo geral compartilham da responsabilidade pela educação de nossos jovens. Devemos ter sempre em mente que quem educa a criança é o adulto, e portanto o tipo de educação dado à criança vai depender do adulto. Este adulto deverá ser seguro e confiante em si mesmo, certo de sua iniciativa e atitudes. Principalmente deverá amar a criança, procurando compreendê-la e aceitá-la sem exageros em suas exigências.
A importância da participação dos pais na educação dos filhos e do entrosamento da família com a escola podem ficar bem comprovada durante a realização do meu estagio realizado no 8º semestre do curso de Pedagogia da FACOS no ano 2003 com o projeto de pesquisa na escola Prudente de Morais com minha própria turma de 3ª formada por 20 alunos de classe média, cujas idades variam de 8 e 14 anos, sendo 8 meninas e 12 meninos.
Por se tratar de uma proposta que para nós, alunas do curso era nova, pareceu-nos um desafio saber orientar os alunos na busca de informações e conhecimentos que partissem do interesse próprio, por tanto, seria fundamental uma comunicação clara e combinações procedentes entre o professor e a turma para que houvesse um melhor aproveitamento.
Logo então surgiu a preocupação com os limites. A questão era: “será que na realização de um trabalho mais livre e participativo conseguiremos estabelecer regras, e detectar os limites a serem obedecidos?”
Tive a grata satisfação de perceber que a turma com a qual realizei o meu estágio, da qual inclusive sou a professora titular, mas que porém por estarmos no início do ano letivo, não havia tido a oportunidade de propor-lhes um projeto tão atuante e participativo, tratava-se de um grupo de alunos muito bem educados e orientados pelos pais com a participação ativa destes em seu desenvolvimento escolar e em sua formação pessoal. Essas crianças têm um excelente histórico escolar estando na escola desde a pré-escola sendo que em todos os anos os pais se fizeram presentes entrando sempre em contato com os professores para saber da vida escolar dos filhos, dando autonomia aos professores para educá-los mas também eficiência e cobrando dos filhos a responsabilidade pelos estudos.
Creio que devido a esta boa formação meus alunos são crianças que sabem ouvir, questionam, respeitam combinações, sugerem soluções ou opções de estratégias, cobram atitudes, enfim, participam de maneira ativa do dia-a-dia escolar.
Portanto, torna-se quase desnecessário dizer que a realização do estágio com o projeto de pesquisa tornou-se extremamente gratificante e de fácil execução, uma atividade muito significativa e uma experiência enriquecedora para minha formação profissional.
Os alunos engajaram-se na proposta, assumiram a responsabilidade pela busca de conhecimentos que lhes despertaram interesse, valorizaram a participação dos componentes dos grupos, respeitaram combinações tanto com os colegas como com o professor-orientador, observaram os limites de conduta cobrando alguma atitude indesejável tomada por algum colega e preocuparam-se em atingir bons resultados com a realização dos trabalhos compartilhando estes com seus familiares: as famílias estavam cientes de que estávamos executando uma proposta nova e realizando um trabalho diferente e dava-nos total apoio.
Os trabalhos desenvolveram-se da seguinte maneira: após levantadas várias possibilidades de descoberta do tema como passeio na escola, conversas, leituras, etc..., foi formado os grupos de acordo com o tema escolhido para pesquisar, agrupando os interesses em comum.
Montamos cinco grupos assim distribuídos:
GRUPO 1: Queremos saber mais sobre a CORSAN.
GRUPO 2: Queremos saber mais sobre a Lagoa do Marcelino (localizada na escola).
GRUPO 3: Queremos saber mais sobre o Laboratório de Informática da escola.
GRUPO 4: Queremos saber mais sobre o Laboratório de Ciências da escola.
GRUPO 5: Queremos saber mais sobre a história da escola.
Após escolhido os temas cada grupo montou o seu projeto determinando, O QUÊ?, POR QUÊ?, PARA QUE? e COMO? iriam executar as pesquisas.
Procuramos buscar em conjunto as respostas para todas as questões levantadas e seguir o roteiro de execução do projeto.
O grupo da CORSAN, por exemplo, marcou visitação a CORSAN e palestra com técnico que nos deus muitas informações e conhecimentos sobre o assunto. Ganhamos vários encartes e vimos um filme onde mostrava o processo de purificação da água, o tratamento feito, a importância do abastecimento da água na cidade e da preservação dos mananciais.
O grupo da Lagoa do Marcelino fez várias visitações à lagoa para observar seu estado de poluição, coleta de amostras d’água, compararam a coloração da água em dias diferentes e levantaram questionamentos aos quais buscaram respostas marcando uma palestra com o Sr. Gilberto Lessa, estudioso que desenvolve um trabalho de pesquisa sobre a Lagoa há vários anos. Na palestra o Sr. Gilberto mostro islaides que mostravam as variações das condições da lagoa nos diferentes pontos da mesma e o avanço do processo dos poluidores no decorrer dos anos, o que teria que ser feito para despoluí-la, os animais que começaram a se desenvolver na mesma, e a perspectiva de esta poluição aumentar cada vez mais e a lagoa diminuir com o passar do tempo. A palestra foi bastante produtiva e enriqueceu bastante o trabalho do grupo
O grupo do Laboratório de Informática realizou várias visitas ao mesmo, onde fez questionamentos e teve a oportunidade de utilizar os computadores orientados pela professora responsável pelo setor. Toda turma participou das atividades e ficamos entusiasmados com os trabalhos.
O grupo do laboratório de Ciências também marcou palestra e visitação ao Laboratório onde buscou esclarecer todas as suas dúvidas e buscar maiores informações e conhecimentos
Observaram junto à turma os recursos e experiências, amostras e instrumentos por ele oferecido. Anotaram as explicações e registraram o que mais lhes interessou inserindo ao seu trabalho que ficou bastante rico.
O grupo da história da escola marcou uma visitação à biblioteca onde pesquisamos nos jornais Prudentinos, as reportagens sobre a história da escola e seu desenvolvimento durante seus 62 anos de existência. Buscaram informações entrevistando professores que fizeram parte do quadro da escola desde seu início e conversaram com a diretora atual, respondendo a todos os questionamentos levantados na montagem do projeto.
O último déia do projeto de pesquisa, como havíamos combinado foi dedicado às apresentações dos grupos para o restante da turma dos resultados de suas pesquisas. Realizamos um seminário onde cada grupo expôs suas descobertas, relatou suas impressões sobre o trabalho e entregou os registros feitos através de um trabalho bem elaborado em folhas de ofício após ter seguido orientações de montagem da professora.
Enfim, nosso trabalho foi por tanto um sucesso!

2. A RELAÇÃO ENTRE AMOR, RESPEITO E O ESTABELECIMENTO DE LIMITES

A grande constatação que venho realizando ao longo dos anos de profissão, por meio de vivencias pessoais, leituras e finalmente durante a realização do estagio é que estes três fatores, ou seja, o amor, respeito e o estabelecimento de limites estão intimidamente ligados, relacionados e interdependentes entre si.
A desvinculação ou a dosagem errada de um destes ingredientes, gera um desequilíbrio completo e total nas relações intrapessoais, causando desentendimento, conflitos, agressões, sendo muitas vezes o fator causador de tanta violência e incompreensões Tentar impor limites através da “lei do mais forte”, sob ameaças, agressões ou chantagens é um grande erro que muitos adultos cometem freqüentemente, pois se tornam uns desrespeitos aos direitos do individuo.
O fator primordial e imperativo para obtenção de equilíbrio entre o amor e limites é o respeito. O respeito é essencial para o estabelecimento de qualquer relacionamento entre os seres humanos pois proporciona uma relação de confiança e reciprocidade de sentimento. Crianças primam por serem respeitados e para isto precisam ter em mente até onde vai o direito de um, e onde começa o direito de outro para não invadir espaço pois é necessário.
Uma criança que se sente desrespeitada, humilhada e subjugada por um adulto jamais vai respeitar, valorizar ou obedecer de livre e espontânea vontade a este adulto para não invadir o espaço alheio, pois é necessário respeitar as características individuais de cada ser humano, tornando-o sujeitos de suas nações e responsáveis por suas atitudes.
Já uma criança que é tratada com carinho, amor e respeito, normalmente vai admirar, valorizar, respeitar e ter prazer em seguir suas orientações, se sentindo segura e amparada com os limites que lhe estão sendo estabelecidos.
O grande problema dos pais e educadores é encontrar a dosagem certa de amor e respeito no estabelecimento de limites.
Valendo-me de minhas vivencias pessoais afirmo-lhes que eu mesma já sofri com este impasse muitas vezes. Durante anos tentei impor limites através de autoridades! Quem fala mais alto. “Sou o professor tem que me obedecer!” ou ao contrário dando amor em excesso pois achava que os alunos sentindo-se amados iriam me respeitar. Errei duas vezes pois não lhes transmiti firmeza, confiança e respeito mútuo.
Não digo que o que estava errado era a intenção, mas sim, a maneira de agir minhas atitudes. Pois quando quis fazer prevalecer minha autoridade errei na dose e talvez tenha subjugado as crianças, desrespeitando sua individualidade. E por outro lado quando quis dar lhe amor, talvez tenha melindrado de mais, mimando-os que demonstrou um grau de fraqueza por parte do adulto.
As crianças são espertas e como se diz “testam os adultos.” Onde não sentem firmeza nas atitudes, logo percebem uma chance de não obediência, desrespeito e desconsideração, utilizando muitas vezes a chantagem emocional ou em troca de favores para atingir seus objetivos.
O adulto que se expõe, mostrando fraqueza e insegurança, diante de uma criança, ou por outro lado, tenta se impor através do autoritarismo e agressividade provavelmente não conquistará o carinho, admiração e a estima desta criança, dificultando a obtenção do respeito desejado.
Cada caso é um caso, ou seja, cada criança tem sua maneira de ser sua individualidade, suas vivência, sua leitura de mundo. Por tanto precisamos tentar conhecê-la buscar sua historia de vida, seus valores e seus referenciais, respeitando suas particularidades para uma melhor aproximação de seu eu de sua subjetividade, valorizando como indivíduo e como parte integrante do grupo.
Com estas constatações venho a cada ano obtendo um melhor relacionamento com os alunos. Aprendi a dosar melhor e atingir um equilíbrio entre o amor e o carinho a imposição de limites e o respeito. Tenho convecção que os alunos me estimam e admiram por que se sentem amados e valorizados. Por tanto têm prazer em participar ativamente das aulas procurando nunca me decepcionar.
Um dos grandes fatores que me levou a este resultado foi não ver mais as aulas como uma obrigação profissional, e assim, como um momento de prazer, de troca de experiências, de convivência com o grupo, de realização de atividades enriquecedora e gratificante. Então o período escolar passou a ser um momento alegre, descontraído e participativo. O outro importante fato, foi não ver mais os alunos como um “castigo,” um fardo, “um problema” e sim, cada como um amigo, um filho, um companheiro de jornada. Alguém a quem eu devo a minha realização profissional e satisfação pessoal. Pois será através dos resultados que obteve com eles que poderei saber se fiz um bom o mau trabalho este resultado será conseqüência de minha ação com eles, por eles e sobre eles. Por isso eu aprendi a respeitar, valorizar e amar cada aluno como um ser único e especial.
A criança respeita, ama, procura agradar quem a respeita, valoriza, estimula, orienta, lhe dá segurança demonstrando-lhes carinho, amor e consideração.

A INFLUÊNCIA DO ADULTO

Em síntese, conclui-se que o estabelecimento de limites está intimamente ligado à relação com o adulto. Este processo inicia-se praticamente na fecundação, pois quando um bebê está na barriga da mãe já se sente amado ou não, e desta relação de aceitação, proteção, amparo, orientação que a criança recebe desde o início de sua vida está baseada a sua formação como indivíduo. Da segurança que ela sentir nos adultos que orientam em seus primeiros passos em suas primeiras ações e a firmeza e consistência desta relação ao longo de seu desenvolvimento dependerá a aquisição de sua identidade para tornar-se um individuo.
Esta proteção, orientação, segurança só poderão ser transmitidas pelo adulto através do estabelecimento de limites. Limites estes que deverão ser claros, constantes e confiáveis para orientar com segurança o caminho a ser percorrido. Limites estes que deverão ser estabelecidos com amor, respeito, carinho, paciência e tolerância mas também, com firmeza e convicção.
Esta relação iniciada na família deverá ter continuidade na escola, na comunidade, na sociedade em geral e em todas as relações intrapessoais, apara a formação de um indivíduo seguro, atuante, responsável, equilibrado, enfim, consciente de sue papel como sujeito, como ser sociável.